sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Praxes ou bullying perigoso?

Artigo do psiquiatra PEDRO AFONSO no Publico de hoje:
Defendo que as praxes devem obedecer a um código de conduta. 
As mortes de estudantes da Lusófona ocorridas na praia do Meco e o julgamento de ex-alunos do Colégio Militar foram notícias recentes associadas a praxes académicas e que merecem alguma reflexão.
Começo por referir que fui estudante de Medicina em Coimbra de 1987-1993, e fui praxado. Um dia por volta da meia-noite quando regressava a casa, acabei por ser apanhado por um trupe de alunos mais velhos. Foi aplicado o respectivo código da praxe (em Coimbra havia um código da praxe com regras claras) e, atendendo às altas horas da noite, impróprias para um caloiro, fui punido com umas tesouradas no cabelo. No dia seguinte, embaraçado pelo estado ridículo em que ficara o meu cabelo, dirigi-me a um barbeiro que havia na Praça da República, a quem chamávamos o “Pepe rápido”; era assim conhecido, devido à rapidez com que cortava o cabelo. Sentei-me e, quando ia dar uma explicação para a minha triste figura, o barbeiro murmurou, num tom complacente: "Não se preocupe, hoje já é o sétimo!..."
A minha experiência de praxe foi globalmente positiva. Em Coimbra havia uma tradição de praxe académica, com regras, que servia para integrar os caloiros, facilitando que os alunos de diferentes cursos se conhecessem, e deste modo fossem criadas novas amizades. Mas confesso que, por aquilo que tenho visto e lido, muitas das praxes atuais pouco ou nada têm a ver com esse espírito.
Os rituais de praxe são realizados habitualmente em grupo, num ambiente de grande excitação e exaltação colectiva. Neste contexto, os mecanismos dos limites sociais estão enfraquecidos, criando-se condições para o aparecimento de violência física ou psicológica, expressas através de humilhações gratuitas. O perigo reside no risco de alguns veteranos apresentarem mentes psiquicamente perturbadas, encontrando na praxe o ambiente propício para expressarem as suas frustrações pessoais e agressividade, frequentemente com contornos de perversão. Assim, a praxe passa a ser bullying. Muitas das praxes a que assistimos podem ser considerados comportamentos de bullying, já que configuram atos intencionais de agressão física ou psicológica que envolvem uma disparidade de poder entre os agressores e as suas vítimas.
Como estas praxes ocorrem em idades mais avançadas, comparativamente, por exemplo, com a adolescência, a violência dos rituais torna-se não apenas mais sofisticada como também mais perigosa. Se juntarmos a este fenómeno o fato dos rituais da praxe serem muitas vezes realizados sob o efeito desinibidor do álcool (e por vezes drogas), a situação pode adquirir contornos de grande gravidade.
Basta, portanto, que haja um individuo perturbado psiquicamente a liderar um grupo de praxe para que os comportamentos possam adquirir contornos de grande risco e violência. Porém, as perturbações mentais não explicam tudo. Num artigo recente (2013) da revista científica International Journal of Adolescent Medicine and Health, os autores concluem que a evidência científica não suporta a ideia de que a maioria das ações cruéis são intrinsecamente patológicas, no sentido de serem motivadas por perturbações mentais. Por esta razão, apenas as regras morais e as ações legais (e não as intervenções psiquiátricas) poderão dissuadir o ser humano desta forma de crueldade.
Defendo, portanto, que as praxes – como grande parte dos comportamentos sociais – devem obedecer a um código de conduta, devidamente regulamentado, no qual deve ficar claro a proibição de rituais de humilhação gratuita, bem como de condutas violentas que possam colocar em perigo a integridade física dos caloiros ou susceptíveis de provocarem qualquer dano psicológico. Além disso, deve ficar explícito que a praxe deve ser voluntária, sendo que o seu objectivo principal é facilitar a integração dos novos alunos. As regras da praxe poderão ser elaboradas entre os alunos e as respetivas universidades, de forma a poderem ser punidos aqueles que desrespeitarem os princípios da mesma.
A praxe deve ser discutida às claras e regulamentada entre as partes, de modo a evitarem-se situações de bullying que são inaceitáveis em sociedade e que devem ser repudiadas por todos nós.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Programa de Literacia Social



O LED on Values é um Programa de Literacia Social dirigido à comunidade educativa. O programa pretende ser a sinalização moderna de um porto seguro, onde se acolhem todos os barcos e todas as experiências. É o ancoradouro que assegura a carga luminosa e orientadora dos LED’s.

Nas palavras de Roberto Carneiro, “a viagem segura e que leva a bom porto necessita de bússola. Na desorientação, dificilmente a navegação poderá ser devidamente levada a cabo. (…) O LED on Values visa proporcionar esta bússola gratuita que muitos procuram e poucos encontram para orientar sabiamente a sua viagem de aprendizagem”. 
Explore o site e aceda a recursos de Literacia Social e o modo de o implementar na sua escola:

http://www.ledonvalues.org/

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Pensamento 31 - NÃO ATIRAR para CIMA dos OUTROS


"O melhor trabalho político, social e espiritual que podemos fazer é parar de projetar as nossas sombras nos outros" Carl G. Jung (psicanalista)

...e evitar deste modo, usar o outro para benefício pessoal... e impor-lhe a nossa visão distorcida da realidade.

TENHA UM ÓTIMO FIM DE SEMANA

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

ENTREVISTA a Daniel Sampaio




A Grande Entrevista.
Com Daniel Sampaio - Professor universitário; psiquiatra e terapeuta familiar
Entrevistador: Vitor Gonçalves

TEMAS ABORDADOS
Bullying
Depressão
Suicídio
Saúde Mental nas escolas
Tragédia do Meco que vitimou 6 jovens
...

Programa de Resolução de Conflitos

Programa de Resolución de Conflictos en Centros de Menores: Responsabilidad Social y Aprendizaje - Servicio


‐‐


(AQUI)


AUTORA: Mª INÉS LOMBRAÑA GARCÍA 
TRABAJO FIN DE GRADO DE EDUCACIÓN SOCIAL 2011/2012  - ESCUELA UNIVERSITARIA DE EDUCACIÓN DE PALENCIA
UNIVERSIDAD DE VALLADOLID

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Revista Brasileira de Orientação Profissional


Revista Brasileira de Orientação Profissional de acesso livre.
Editora: Associação Brasileira de Orientadores Profissionais

Aceder:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_serial&pid=1679-3390&lng=es&nrm=.pf

GUIA - Habilidades para la Vida


Habilidades para la Vida - Guía Práctica y Sencilla para el Promotor Nueva Vida
(AQUI)


ÍNDICE
  1. Introdução
  2. Habilidades para a Vida
  3. Habilidades Sociais
  4. Habilidades para o Pensamento
  5. Habilidades para Gerir as Emoções



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Academia European Schoolnet - CURSOS GRATUITOS



A Academia European Schoolnet é a rede de 30 ministérios da Educação europeus, com sede em Bruxelas.
Como organização sem fins lucrativos, o seu objectivo é trazer inovação ao ensino e aprendizagem.

Recursos: Cursos gratuitos em várias áreas do conhecimento e outros recursos.
Destinatários: Professores de toda a Europa de escolas primárias a secundárias.

Aceder em:

domingo, 19 de janeiro de 2014

Pensamento 30 - A VIDA É...


"Não percas a esperança, nunca se sabe o que vai acontecer amanhã!"

António Coimbra de Matos* afirma: "A palavra chave da existência é transformação". 
Ou seja,  a vida fez-se não  para possuirmos coisas, mas para fazermos coisas, o prazer das conquistas, e para que nos transformemos na pessoa que sonhamos ser.

* Psicanalista

TENHA UMA ÓTIMA SEMANA

Manuais destinados à intervenção em contexto educativo



MindMatters (http://www.mindmatters.edu.au/)  Leading mental health and well being - apoia as escolas secundárias australianas na promoção e proteção da saúde mental dos membros das comunidades escolar. 

LUTO e PERDAS 










EDUCAR PARA A VIDA




BULLYING





COMPREENDER A SAÚDE MENTAL(STRESS)









sábado, 18 de janeiro de 2014

Materiais: Bullying, Homossexualidade...



O Projecto Tudo Vai Melhorar trabalha para mostrar aos jovens LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais) os níveis de felicidade, potencial e positivismo que as suas vidas poderão alcançar.
No seu site, poderá aceder a um conjunto de materiais relacionados com estas temáticas, em:



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

“Cinco Minutos com um Cientista"


'5 minutos com um cientista' é uma série de 26 episódios, onde 26 cientistas portugueses falam do que os inspirou e despertou para a ciência, da sua motivação para a investigação que realizam e das perguntas que os inquietam e fazem continuar a investigar. São 26 perspectivas pessoais do interesse e motivação pela ciência

 Paixão pela Ciência
Programa “Cinco Minutos com um Cientista"

O que é a dislexia?


Com Kelli Sandman- Hurley
Legendas em Português

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Pensamento 29 - PESSOAS DISPENSÁVEIS




"Não erramos quando damos muito de nós a alguém. Erramos quando esperamos o reconhecimento de alguém que não sabe valorizar a sinceridade que lhe damos".
 Autor desconhecido

Susan Jeffers*  diria o mesmo: “Um professor extraordinário que tive ajudou-me imensamente ao ensinar-me a frase “Pela primeira vez, devias ter vergonha. Segunda vez, eu devia ter vergonha. “ Aplicando a esta situação, se debater alguma coisa com pessoas insensíveis às suas necessidades, elas deviam ter vergonha. Se você continuar a permitir-se ser bombardeado pelas palavras delas, você devia ter vergonha. Não tem de continuar a manter conversas acerca da sua decisão com aqueles que o fazem sentir-se mal consigo mesmo. ” In Apesar do medo Sinais de fogo

*Psicoterapeuta




Bullying - Novas Formas de Violência entre os Jovens

Bullying - Novas Formas de Violência entre os Jovens - Indisciplina e Delitos em Ambiente Escolar, CEJ 2013  - (AQUI)
Trata-se de um documento que visa debater sobre o fenómeno da violência em meio escolar no contexto das intervenções de promoção e proteção de crianças e jovens em perigo e tutela educativa.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Bullying - é tempo de inserir a saúde mental nas escolas

Parte do artigo de Ana Cristina Pereira, que saiu no Publico de hoje, com o título Suicídio é multifactorial, diz especialista
(…)
O bullying foi a causa apontada pelo Correio da Manhã ao noticiar a morte do rapaz de 15 anos, aluno da EB 2-3 de Palmeira, em Braga. Não seria descabido. Segundo Ana Tomás de Almada, investigadora da Universidade do Minho, esta forma de violência – continuada, exercida por colegas – tende a ser desvalorizada. “Considera-se que faz parte da infância e da adolescência, que forma o carácter, endurece. Como não há condenação, não há prevenção.” (...)As escolas, explica ainda o especialista José Carlos Santos, presidente da Associação Portuguesa de Suicidologia, podem desempenhar um papel chave na prevenção. Não se refere apenas aos professores, mas também aos assistentes operacionais, que vigiam os recreios. Acha que é tempo de inserir a saúde mental no plano de saúde escolar e de apostar nos processos educativos, na cidadania, em vez de pensar apenas nos resultados. Beatriz Pereira - investigadora da Universidade do Minho -  aponta no mesmo sentido: parece-lhe que a escola tem de incentivar mais o respeito, a cooperação e menos a competição."
Nota: o sublinhado é meu

portal ENSINA



Nasceu o portal Ensina, destinado a docentes, pais e alunos. A plataforma digital de serviço público, resulta de uma parceria entre a RTP e o Ministério da Educação. 
Um recurso de apoio ao estudo e um ponto de encontro com o conhecimento! Disponível em  http://ensina.rtp.pt/

O vídeo RTP de apresentação do portal aqui

A verdadeira Moral


Campanha APAV - Bullying - Quebra o teu silêncio


A verdadeira Moral
“A moral não advém de termos abstratos. Ela desenvolve-se a partir da capacidade de reagirmos de uma forma empática à dor e ao sofrimento no outro. A verdadeira moral começa quando sentimos que nos doí quando os nossos atos provocam dores e sofrimento a outros." 


Arno Gruen* Os Falsos Deuses

APESAR do MEDO (digo eu)

* Psicanalista


domingo, 12 de janeiro de 2014

A importância das lideranças no sucesso educativo



Luísa Tavares Moreira
A oradora debruçar-se-á sobre os efeitos significativos das lideranças na aprendizagem, desenvolvimento e sucesso académico dos alunos, e na qualidade das organizações educativas. Abordará ainda parte da sua experiência profissional relativamente aos cargos que desempenhou.


Doutorada em Ciências da Educação pela Universidade Católica Portuguesa (UCP). Exerceu funções ao nível de Direção escolar e no ano letivo de 2012/13 de Coordenação da EPIPSE - DGE. Presentemente, é a Coordenadora Nacional do Projeto Fénix, o qual desenhou e implementou no ano letivo de 2008/2009 no AE Campo Aberto, Beiriz. Em 2012, participou também na elaboração do livro “Projeto Fénix – As Artes do Voo e as Ciências da Navegação”, onde se deu “voz aos autores que no terreno vão fazendo a diferença”. Desenvolveu diversas parcerias com entidades empresariais privadas de suporte ao Projeto Fénix e, em colaboração com a UCP, lançou o Prémio Fundação Ilídio Pinho “Pedagogia”, exclusivo para escolas Fénix.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Pensamento 28 - FORÇAS


"Você nunca sabe a força que tem. Até que a sua única alternativa é ser forte."

António Damásio diria o mesmo: "O sofrimento proporciona-nos a melhor proteção para a sobrevivência, uma vez que aumenta a probabilidade de darmos atenção aos sinais de dor e agirmos no sentido de evitar a sua origem ou corrigir as suas consequências." in  'O erro de Descartes'

Há  momentos e situações da vida que nos colocam entre a libertação e a alienação se nos deixarmos ficar sem nada fazermos.
Aconselhamos vivamente a evitarmos dizer ao nosso amigo: "Esquece isso "; " Deita para trás das costas esse assunto". 
É preciso deixarmo-nos sentir, para darmos significados às nossas emoções  - o que nos magoou e porquê - e delinearmos a partir daí, um plano de ação. 
Fugir do sofrimento é uma forma de não vivermos plenamente. 

EPIS - guiões


A EPIS - Empresários Pela Inclusão social - Quer ser uma referência nacional no desenvolvimento, incubação e internalização de novas metodologias de promoção do sucesso escolar, da qualidade dos sistemas de ensino e formação, da empregabilidade e inserção profissional dos jovens em Portugal.

Os Guiões de Trabalho Mentores EPIS foram desenvolvidos com o objetivo de apresentar um pacote de estratégias de técnicas de intervenção que possam ser uteis  a pais, técnicos, docentes , de modo a aumentar a eficácia das intervenções junto de alunos do 3ª ciclo do ensino básico.

Exemplo de Guiões de Intervenção com o Aluno :
  • Gestão do tempo e horário de escolar;
  • Guião de preparação para exames.
Exemplo de Guiões pará a intervenção  com as FAMÍLIAS:
  • Disciplina na adolescência - Onde está o manual de instrução?
  • Mudança de ciclo - Como apoiar a transição?

ACEDER em:
http://www.epis.pt/mediadores/mentores#guioes

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Site M-igual?


O site M-igual? (http://www.m-igual.org/default.aspx ) é uma ferramenta que permite apoiar, partilhar e divulgar o trabalho efetuado nas  escolas no âmbito da Educação para o Desenvolvimento, explorando a reprodução de processos de consciencialização do global, sem no entanto perder de vista o sentido de pertença ao local.



UM LIVRO ...UMA HISTÓRIA...interculturais

Um Livro…Uma História...Interculturais
Sugestões de Exploração

Um produto do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME)
Autora: Bárbara Duque

Retirado de:
http://ec.europa.eu

Materiais para formação e animação


Na página das Caritas Diocesanas - Centro de Recursos, poderá aceder a materiais para formação e animação.
ACEDER em

http://www.caritas.pt/cr/index.php?option=com_content&view=article&id=458&Itemid=12

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

ENTREVISTA a João Paulo Pereira


Entrevista de Ana Rute Silva a João Paulo Pereira, presidente da Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional, que saiu no Publico no dia 30.12.13, como título “As condicionantes socioeconómicas mundiais estão a retirar lucidez aos empresários”

João Paulo Pereira, presidente da Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional, diz que o contexto actual leva os gestores a reagir, em vez de agir. E, nas empresas, os trabalhadores estão à beira de um ataque de nervos.
Exaustão, cansaço profundo, desmotivação. Um estudo recente da Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional (APPSO) revela que cada vez mais os trabalhadores portugueses encaram o trabalho como uma mera tarefa para ganhar um salário. João Paulo Pereira, presidente da associação e professor no Instituto Superior da Maia, diz que há um “medo generalizado”, que adia a tomada de decisões importantes, de mudança de vida. Ao mesmo tempo, começa-se “de forma algo preocupante, a olhar para questões que envolvam os trabalhadores não como investimento, mas como despesa”.
A APPSO analisou quase 33.900 casos de trabalhadores ao longo de três anos. E concluiu que cada vez mais os portugueses encaram o seu emprego como forma de apenas obter um salário no final do mês. Porquê tanta insatisfação no trabalho?
Pelo que podemos ver nos resultados que temos obtido, existe por parte dos portugueses uma fraca percepção da forma como se dedicam às suas tarefas e como são recompensados. Há aqui alguns problemas do ponto de vida do reconhecimento salarial, com todo o aumento da carga fiscal e com as contribuições de solidariedade. Toda a dinâmica do trabalho e da implicação das pessoas na organização passa a ser muito mecanicista. Trata-se de atingir um objectivo que, muitas vezes não é o objectivo da tarefa per si, mas sim o de conseguir chegar ao fim do mês e sobreviver.

Que consequências é que isso tem?
Há implicações a vários níveis, nomeadamente, na saúde física e mental e a nível da disponibilidade das pessoas. Mediante uma situação mais instável da economia e das empresas (que precisam de mais esforço dos seus trabalhadores para conseguir ultrapassar barreiras), as pessoas não estão disponíveis. E não falo de tempo.

Não estão disponíveis mentalmente para esse esforço?
Sim. As próprias organizações têm, depois, francos problemas porque dependem das pessoas e da sua disponibilidade.

O problema não é a inexistência de um aumento salarial?
Não. Por um lado, é o reconhecimento salarial pela função, por outro pela execução do trabalho. Hoje em dia com o aumento dos índices de desemprego, cai-se numa estratégia que nunca é boa na gestão da carreira, na motivação e na forma como atingem os objectivos. Há um medo generalizado de não conseguir e as pessoas adiam sine die decisões a tomar sobre a sua vida. Fazem tarefas nas quais não se reconhecem e o que obtêm como reconhecimento não é compensador. Quando olhamos para as organizações e vemos que um conjunto grande de pessoas estão nesta posição – felizmente não são todas – reduz-se quase a questão ao nível salarial, quando não o é.

Quando o trabalhador aborda o empregador e fala sobre a desmotivação que sente, estão a ser usados argumentos como “a tua sorte é teres trabalho”?
Infelizmente, cada vez mais. E cada vez mais há um receio da parte dos trabalhadores de colocarem em causa o que fazem. Vemos isso no comportamento das pessoas e no que são algumas das despesas indirectas com o trabalho, como o absentismo. Não está a crescer de forma tão drástica como antes. Não quer dizer os trabalhadores não tenham razões para faltarem. Mas dadas as variáveis e a envolvente social, e a diminuição das comparticipações sociais, trabalha-se em piores condições de saúde. Se se avança para a baixa médica, no regresso há um problema para resolver. Eventualmente o posto de trabalho foi ocupado.

Podemos também falar em investimento em acções de formação ou iniciativas que envolvam os colaboradores no que é a cultura da empresa. Hoje começamos, de forma algo preocupante, a olhar para questões que envolvam os trabalhadores não como investimento mas como despesa.
Esse discurso repetido de que é preciso baixar salários e de que o trabalhador é um custo imenso para a empresa deita, ainda mais, abaixo a motivação?
Neste momento corremos o risco de cair numa dicotomia quase egoísta, em que cada um olha para si. Por um lado, as empresas sabem que têm um conjunto de pessoas disponíveis para trabalhar.

Facilmente podem substituir trabalhadores?
Exactamente. As organizações têm um investimento imenso quando colocam alguém novo. Mas havendo um mercado disponível de recursos humanos, o custo baixa. Do lado dos trabalhadores, isto faz com que adiem decisões e impede-os de fazerem o seu balanço pessoal, quase como uma análise SWOT, onde elencam as ameaças e oportunidades [SWOT é uma análise de Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças]. Se o fizessem seriam muito mais produtivos, mais felizes, dariam muito menor despesa ao Estado.

Fazendo uma análise dessas, teriam de tomar decisões.
O problema é mesmo esse. Não é por acaso que assistimos à contínua subida do consumo de antidepressivos e ansiolíticos. Olhando para 2013, os antidepressivos aumentam mais porque muitas pessoas têm de optar apenas por um destes medicamentos.

A crise é o principal motivo para esta infelicidade?
A troika não é responsável por isto. Não é a crise em si. É evidente que é um factor que potencializa um aumento. Mas quando olhamos para trás, verificamos que o consumo de antidepressivos e ansiolíticos já estava a aumentar. E ganha significância estatística a partir do momento em que se colocam em causa os modelos do trabalho e quando chegam a Portugal os novos modelos.

Refere-se à flexibilidade laboral?
Sim. E uma maior exigência de adaptação das pessoas, que passam a estar num permanente desafio face às suas competências. Já não há emprego seguro e o próprio espaço de trabalho mudou. Cada vez mais há mais empresas a trabalhar em open office, em escritórios virtuais, em sistemas em que o trabalhar chega e não tem a sua secretária definida. Mesmo que em Portugal estejamos a falar de pequenas e médias empresas. O grande impacto acaba por ser nesta alteração na filosofia de trabalho que visa uma redução de custos na parte da produção e logística, mas por outro lado, uma mudança na perspectiva cultural do trabalho. Muitas vezes quando perguntamos a alguém o que faz a resposta é: “Não estou a trabalhar na minha área”. Antes havia a expectativa de nos aproximarmos mais da nossa área através das competências profissionais que íamos demonstrando, do nosso envolvimento com o trabalho, da produtividade nos seus vários índices, da energia. Esta é uma variável importante no nosso estudo - é o tal quilómetro extra que por vezes é preciso fazer nas organizações. Nesta matéria, coloca-se a questão da pertinência, ou não, das 40 horas semanais de trabalho. Os estudos dizem-nos que a maior produtividade é atingida entre as 25 e as 30 horas semanais.

O que é que 40 horas semanais acrescentam à produtividade?
As pessoas vão trabalhar mais tempo pelo mesmo quantitativo em termos do que é a negociação laboral que têm. Será que vai resultar? Os estudos dizem-nos que não. A perspectiva é olhar para as organizações através das pessoas. Quando são pensadas, todas as empresas são perfeitas. Ao colocarmos pessoas, colocamos diferentes formas de ver, de olhar os objectivos traçados. As organizações de sucesso são as que conseguiram desenvolver uma capacidade de resiliência, e de encontrar objectivos comuns. Falo de variáveis como o sentimento de comunidade e de justiça que se traduzem no sentimento de que “vale a pena estar aqui”.

As empresas saudáveis são as que ouvem os seus trabalhadores?
Sim. Aliás, faz todo o sentido. Sabemos que o sucesso de gestão de pessoas depende muito do que é o envolvimento (engagement), o compromisso assumido num objectivo comum, que é o sucesso de ambos: uma relação em que todos ganham no estabelecimento da parceria. Organizações saudáveis são as mais produtivas, as que têm menores índices de turnover [rotação de pessoal], onde existem os mesmos problemas do que nas outras empresas mas têm estratégias para lhes fazer face.

Como é que avalia as empresas portuguesas? Aparentemente, e tendo em conta os resultados do estudo, não são assim tão saudáveis. 
Não são saudáveis. Quando digo isto, não quer dizer que seja uma responsabilidade directa dos empresários. Estou a dizer que as condicionantes socioeconómicas mundiais estão a retirar alguma lucidez aos empresários para conseguirem perceber o que podem fazer, para agir em vez de reagir.

O foco tem sido sobreviver para continuar a pagar salários.
É o reagir e não o agir. Mas se traçarmos um plano realista face ao cenário que temos é mais fácil criar alternativas. O que é necessário, neste momento, é que haja um plano A, um B e um C. Se houver, existe uma sensação de controlo por parte de quem tem a responsabilidade de gestão. Esses planos têm de ser do conhecimento das pessoas. Muitas vezes, neste mecanismo de reacção, ainda se pede mais dos colaboradores. É interessante olhar para os índices de acidentes de trabalho e os incidentes – que geralmente não valorizamos mas que potencialmente poderiam vir a ser acidentes. Quando as pessoas se envolvem menos, facilitam mais, andam com o arnês mal colocado ou sem o capacete. As pessoas estão a reagir e não se preparam para a acção.

Os trabalhadores portugueses estão a atingir níveis preocupantes de exaustão laboral? 
Diria que os trabalhadores portugueses estão à beira de um ataque de nervos. As pessoas motivadas cansam-se tanto como as outras. A diferença é no tempo de recuperação. Uma boa noite de sono ou um fim-de-semana bastam para recuperar. Quando analisamos o burnout, por exemplo, há uma variável protectora que é a da “realização”: independentemente de eu estar mais ou menos realizado, sinto que o que faço é reconhecido. Podendo até não ser um trabalho da minha área. Mas quando vemos que os índices de realização estão a baixar e as pessoas estão cada vez mais cansadas, quando se levantam de manhã em vez de dizerem: “Que bom vou trabalhar”, dizem “que aborrecimento, vou trabalhar”.

Um fim-de-semana ou uma boa noite de sono já não são suficientes?
Não. Nas redes sociais até é visível. O dia de felicidade no fim-de-semana agora é o sábado. Estamos reduzidos a 24 horas. Sexta-feira ainda se trabalha, mas é o dia de preparação para a felicidade: começamos a ver posts engraçados no final do dia, com o Garfield a sorrir. No Domingo, o Garfield está triste pela antecipação da segunda-feira. Reduzimos a nossa capacidade de energia de bem-estar e de qualidade de vida a um dia por semana. Fazendo esta redução estamos a colocar em risco a energia que teremos para o resto dos cinco dias de trabalho. Além disso, cada vez mais e em mais situações esta questão da divisão da semana em cinco dias de trabalho e dois de descanso deixa de existir. Os jornalistas e os professores são bons exemplos disso. Dou aulas há 20 anos e cada vez mais ao fim-de-semana trabalho. Para uma boa parte das pessoas, o fim-de-semana e as férias já não são sinónimo de descanso. Quantas vezes não levamos o telemóvel connosco, sempre contactáveis e com acesso ao e-mail? Aqui estão as tais variáveis da mudança da filosofia do trabalho. O trabalho está pensado de outra forma, mas como é que nos adaptámos a isto?

As novas tecnologias podem ser usadas a nosso favor?
No limite sim. Mas há uma variável que estraga isto: o tempo. Ele não estica. Teremos falta de tempo ou será que, com o tempo que temos, estamos a organizá-lo pior? Fabricámos esta realidade mas ainda não nos adaptámos a ela em termos culturais. Estamos numa zona cinzenta. E a isto se juntaram outras variáveis que põem em causa a sobrevivência económica das empresas e, em consequência, das pessoas.

A crise surgiu, assim, numa altura de mudança profunda no trabalho, e de disseminação de novas tecnologias. É tudo isto junto que traz infelicidade?
Sim, mas eu não conheço no mundo nenhum povo tão fantástico como os portugueses. Nas suas competências, na sua capacidade adaptativa, resiliência e esforço. Nós cumprimos como mais ninguém, somos espectaculares. É preciso fazer, fazemos. Estamos a viver uma situação económica e social complexa. Penso que não é uma crise, é uma mudança de paradigma. Nada será como dantes. Isto implica todo um processo de adaptação e as pessoas terão de agarrar nas suas várias áreas de vida e reajustarem-se. Somos fantásticos a fazer isso. O problema é que este processo obriga a uma série de sacrifícios. E uma das coisas que faz falta para os portugueses aproveitarem realmente as suas capacidades é perceberem porque é que têm de o fazer. Penso que deixaram de acreditar nas pessoas que explicam.





quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Pensamento 27 - PENSAMENTO CRÍTICO



MAS...
“Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar.”
Bertolt Brecht


A minha 1ª mensagem , em 2014